MARIETA STEINBACH SILVA


*Salvador-BA, 28 / 07 /1917 +Granja Humaitá, João Pessoa-PB, 31 / 01 /1965




D. Marieta Steinbach Silva, baiana de nascimento, paraibana de coração. Filha do alemão Walter Julius Cesar Steinbach e da baiana de Feira de Santana Elvira Ferreira Steinbach, minha linda mãe (acima, meus avós maternos Walter Julius Cesar Steinbach e Elvira Ferreira Steinbach, com a minha mãe Marieta, no colo de vovó - e a minha tia Elizabeth.
O imigrante alemão aqui chegou no final do século XIX e encantou-se pela baiana de Feira de Santana.

Nasceu em Salvador-BA, onde conheceu meu pai, que lá estudava medicina. Exímia pianista, trocou sua promissora carreira, em Salvador, para acompanhar o seu marido Isaias Silva em seu retorno à Paraíba, onde dedicou-se como voluntária às obras de assistencialismo social.




Soube criar e educar muito bem os seus cinco filhos, Márcia, Norma, Carlos, Marcelo e Bruno (eu) transmitindo-nos senso de justiça, honestidade, respeito ao direito do outro, além de amor às artes.
Aprendi muitas coisas com ela, antes dela encantar-se, no pouco tempo que convivemos. 
Aprendi a respeitar os mais velhos, a dar um "bom dia" (e a responder), a agradecer os favores e retribuí-los, a reconhecer um erro e pedir desculpas, a não pegar o que é dos outros... Enfim, me ensinou a ser gentil e honesto.


Ouvindo-a ao piano, junto com meu pai, aprendi a gostar de música. 

De música, não de zoada...






Contava histórias encantadoras; Com o livro na mão esquerda, a direita me fazendo um cafuné (ou um cascudo "carinhoso" se ficasse desatento antes da hora), João e Maria, Romeu e Julieta... Em contraponto com as histórias contadas pelo meu pai, das aventuras de cangaço do falecido e famoso parente distante da minha avó materna Elvira Ferreira Steinbach, casada com o alemão Walter Julius César Steinbach - outro personagem arretado; mas aí já é outra história... 
Então aprendi a gostar de ler e escrever.


Vivia pintando a casa. Aí lá vinham os pintores com aquelas fantásticas roupas sujas de tinta, com os seus latões coloridos e suas adoráveis conversas de cais de porto e as suas histórias de pescador... 
Então aprendi a tentar aprender a ser pintor. 

Rezava a Ave Maria comigo todas as noites, em latim. Mas não frequentava igrejas. 
Não precisávamos de intermediários... 

Meus grandes olhos de menino curioso ficavam admirados ao vê-la fazer caridade entre os humildes, a tratar sempre com respeito os empregados da casa e da granja... 
Então aprendi a gostar das coisas e das pessoas simples.


A sua cozinha, sempre movimentada e cheia de gente, com Maria Gorda comandando tudo, era uma maravilha de cheiros e sabores e vapores, uma verdadeira alquimia. 
Preparava recepções maravilhosas. 
Aí peguei gosto pela culinária.


Menino danado de precoce, prestava atenção nas carícias que ela trocava com meu pai, namorando. Brigavam muito, pois ela era ciumenta e não recebia ordens dele, só fazia o que queria. Ele implicava com cebola? Ela tascava cebola! Mas o amor, a cumplicidade e a paixão nunca se acabaram... Quando ela morreu, foi a única vez que vi meu pai chorar. 
Então aprendi a amar. 

Mas nem tudo eram flores na rua Marieta Steinbach Silva... 
Menino ainda, presenciei por várias vezes Dr. Isaias e D. Marieta, de armas em punho, botarem pra correr bandidos na nossa granja, local ermo e distante da cidade, sem telefone; os dois atirando pra valer! 

Gentileza, generosidade e refinamento genuíno, sem esnobismo nem hipocrisia... Sim. 
Mas covardia, bajulação e subserviência... Jamais! 
Então aprendi a me defender dos intransigentes e dos corruptos hipócritas. 
Aprendi a lutar pelo que acredito e a defender os meus sonhos. 

(Bruno Steinbach Silva, Castelo Branco, Parahyba, Paraíba, Brasil.1:55 hs do dia 21 de agosto de 2012). 







Faço diariamente longas caminhadas pela minha cidade adorada. Geralmente caminho pra frente, para a esperança, no rumo da minha Cabo Branco amada.
Mas sempre caminho um pouco no passado, na lembrança. Pois pisar nas pedras e respirar os cheiros da minha meninice encantada certamente me levarão um dia à bonança.
Nas minhas caminhadas para o Cabo Branco, passo sempre pela Av. Beira-rio, defronte a Granja Santana (residência oficial do governador do Estado) e de sua vizinha rua charmosa, circular, que começa e termina no mesmo lugar, já no bairro do Miramar (acima de onde caminho, sobre uma linda encosta).


Essa rua me traz sempre boas lembranças, vez por outra escalo a encosta e caminho sobre ela, reconhecendo cada pedra, cada planta que ainda resiste à fome desvairada das construtoras, invadindo tudo com as suas colmeias desumanas... Tanto a granja Santana como a rua me são muito familiares. A granja foi fundada pelo então Governador João Agripino Maia (um dos poucos que realmente mereceram morar ali. Como era primo do meu pai e gostava de me "pirracear" para ouvir minha "boca suja" de menino danado, eu tinha livre acesso ao sítio). Anos depois, meu irmão Carlos Augusto construiu sua belíssima casa naquela rua charmosa, de onde se avistava o Castelo Branco e o mar do Cabo Branco (hoje só se vê quadrado, sua própria casa virou um, com a sua morte).


E hoje tive uma surpresa boa. O google incluiu nossa rua no google street - aquele recurso que permite passearmos pela rua ao nível do solo, como se estivéssemos ali, então podemos "caminhar" por ela sempre que quisermos, mesmo estando longe de lá... Mas continuo passando por ali de verdade, fazendo calos nos pés, respirando o perfume de seus jardins, caminhando sobre as minhas lembranças, pisando nas pedras e flores da minha meninice.
É a rua que eu mais gosto no mundo.
É a rua que eu acho mais charmosa, que tem o nome mais lindo... da pessoa mais maravilhosa que já conheci, apesar dela ter se encantado cedo demais, quando eu só tinha 6 anos de idade:
É a rua da minha mãe.
É a rua do menino da rua...


Bruno Steinbach Silva, Castelo Branco, Parahyba, Paraíba, Brasil. 1:55 hs do dia 21 de agosto de 2012.




A família Steinbach é originária do sudoeste alemão, onde foi fundada uma cidade com este nome. Vários descendentes emigraram para o Brasil (sul e nordeste) e Canadá (onde também há uma cidade com o nome da família, criada por colonos alemães minoritas - centro-sul, City of Steinbach, na província de Manitoba, considerada uma das melhores cidades para se viver no Canadá). Este sobrenome povoou o Canadá, e o sul do Brasil, cabendo apenas a nós o nordeste. E foi aqui que agregou-se às famílias Pordeus, Ferreira, Mariz, Marques, Rocha e Silva.


STEINBACH (Alemanha)